O ingresso na Educação Infantil traz para a criança pequena situações inaugurais para seu dia a dia: estar longe da família, conviver com aqueles que até então não conhecia e permanecer em um ambiente coletivo com suas próprias regras são algumas delas. Por ainda não compreenderem o que sentem, é comum que reajam fisicamente, seja mordendo, chorando ou até mesmo batendo.
Até os 3 anos de idade, além da fase oral predominante, a criança está testando os limites do seu corpo. Por ainda não dominarem a linguagem verbal, fazem uso dos dentinhos que estão nascendo para expressar seus sentimentos, que podem ser de afeto, euforia, desconforto, insegurança e disputa por objetos ou pessoas de referência. Nesses casos, a equipe conforta a criança que sofreu a mordida e mostra para quem mordeu a consequência do que ele fez. Olhar nos olhos e dizer frases como “não pode, dói”, de forma calma e assertiva ajuda a criança a compreender que morder não é a melhor maneira de se expressar. Além disso, redobramos a atenção para que esses episódios que, mesmo sem a intenção de machucar, não se repitam.
Para as crianças maiores de 3 anos que já se expressam verbalmente com mais clareza, abrimos espaços de diálogos para que, junto com o grupo, as professoras possam conversar sobre eventuais problemas de convivência, propor maneiras não violentas de resolvê-los e chegar a uma solução pacífica. Para isso, fazem uso de estratégias específicas, como por exemplo levar boas perguntas para o grupo e, vendo que ainda necessitam de mais repertório, direcionar para possíveis soluções.
A autonomia, o tempo garantido para reflexões e o trabalho alinhado com educação sócio emocional caminham juntos para o desenvolvimento das nossas crianças.
Ligia Botelho – Diretora Pedagógica